Conservação preventiva em bibliotecas: rotinas de higienização em bibliotecas

A higienização em uma biblioteca é imprescindível para garantir o bem estar das coleções, devendo “ser um hábito de rotina na manutenção de bibliotecas ou arquivos, razão por que é considerada a conservação preventiva por excelência”. (CASSARES, 2000, p. 26). Contudo, qualquer planejamento voltado à higienização não pode estar dissociado da utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). De acordo com Paletta et al (2005), ao higienizar o acervo é importante dispor dos seguintes itens para serem utilizados pelos funcionários da biblioteca: óculos protetores, máscara e toucas protetoras para a cabeça, avental ou jaleco, luvas descartáveis, propés ou botas. Investir na aquisição de EPIs é fundamental para garantir a saúde da equipe de trabalho, pois sem o uso correto dos equipamentos de proteção, os funcionários podem apresentar reações alérgicas no corpo, rinites, irritação nos olhos, dentre outros problemas de saúde que podem ser ainda mais graves, dependendo do tipo de contaminação que pode estar presente nos materiais.

Implantar uma política de higienização rotineira na biblioteca traz inúmeras vantagens, pois ao mesmo tempo em que se higieniza o material é possível verificar se há infestações no acervo, além de identificar itens que estão danificados (como capas, costuras e/ou folhas soltas ou rasgadas) e necessitam de alguma intervenção, devendo ser retirados do acervo para serem recuperados. A higienização possibilita, portanto, que se faça um diagnóstico geral das condições de preservação do acervo, podendo ser utilizada como importante ferramenta para planejamento de ações posteriores.

A periodicidade e a forma como serão desenvolvidas as atividades de higienização, depende em grande medida da disponibilidade da equipe e também do tempo que leva para que o pó se acumule sobre os materiais, que varia conforme as características de cada espaço físico. De toda forma, mesmo que a equipe de trabalho seja reduzida, é importante implantar de alguma forma a prática de higienização como uma atividade rotineira da biblioteca. Isto pode ocorrer, por exemplo, através de mutirões a serem realizados em períodos do ano em que a instituição recebe um número menor de frequentadores.

A limpeza do chão e das estantes deve ser efetuada com o auxílio de aspirador de pó. Não é recomendável varrer o piso, pois desta forma a poeira somente será espalhada de um lado para o outro. Também se deve cuidar para não molhar excessivamente a área, pois isto aumenta a umidade do ambiente. A recomendação é de utilizar somente pano úmido e abrir as janelas para acelerar a secagem. Para a limpeza das estantes, pode-se utilizar um pano umedecido em uma solução de água com álcool a 50%, passando em seguida um pano seco sobre a superfície. Os livros não devem ser recolocados na estante enquanto ela ainda estiver úmida.

Já a limpeza dos livros não deve ser realizada no próprio acervo. A melhor opção é que esta tarefa seja executada em uma mesa de higienização, mas se isto não for possível, é recomendável fazer a higienização em uma sala arejada, sobre uma mesa que pode estar forrada com papel jornal em branco. O ideal é que esta tarefa seja executada em duplas e a retirada dos livros deve iniciar de cima para baixo nas prateleiras. É importante tomar cuidado para que os livros sejam colocados no carrinho e em seguida higienizados na mesma ordem em que se encontram na prateleira. Os materiais mais comumente utilizados para a higienização dos livros são:

- EPIs;

- Trinchas e pinceis do tipo broxinha;

- Flanelas;

- Bisturi e pinça;

- Aspirador de pó;

A limpeza sempre deve iniciar pela parte mais suja, ou seja, na parte superior do livro e a trincha deve ser passada no sentido contrário de quem limpa. O pincel do tipo broxinha é recomendado para remover sujeiras mais incrustadas que se depositam sobre a cabeça do livro. Para efetuar a limpeza, o livro deve ser segurado de forma inclinada para a frente e com firmeza, para evitar que a poeira penetre entre suas folhas. Também pode ser utilizado o aspirador de pó, com proteção no bocal, mas este não é recomendado para livros fragilizados, com partes soltas ou rasgadas. Após limpar o corte da cabeça, deve-se passar a trincha sobre os cortes do pé e da frente do livro, no sentido da lombada para fora.

As capas são higienizadas com o auxílio de trinchas e flanelas e é recomendado ainda que se limpe as primeiras e as últimas folhas do livro, pois em geral estes são os locais que concentram maior sujidade. A quantidade de folhas que passará por este processo é muito variável e em acervos onde se mantém a higienização como uma rotina, pode ser suficiente higienizar somente, além da capa e contracapa, as folhas de guarda ou folhas de rosto do livro. O bisturi e a pinça são úteis para auxiliar na remoção de sujeiras incrustadas, cuidando para não danificar o material. Por fim, recomenda-se segurar o livro pelo meio da lombada e folheá-lo algumas vezes, do início para o fim, ou vice-versa. Dessa forma, o ar poderá circular entre as suas folhas, procedendo assim à aeração da obra.

Se porventura for encontrado algum tipo de infestação no livro, é importante higienizar todas as folhas do mesmo e verificar também os volumes acondicionados próximos a ele na estante. Nesse caso, este item não deve ser recolocado na estante e convém mantê-lo “em quarentena” para ter certeza de que a eliminação da infestação foi eficiente.

Referências:

CASSARES, Norma. Como fazer Conservação Preventiva em Arquivos e Bibliotecas. São Paulo: Arquivo do Estado e Imprensa Oficial, 2000. (Projeto Como Fazer, número 5).

PALETTA, Fátima Aparecida Colombo; YAMASHITA, Marina Mayumi; PENILHA, Débora Ferrazoli. Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para profissionais de Bibliotecas, Centros de Documentação e Arquivos. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Campinas, v. 2, n. 2, p. 67-79, jan./jun. 2005.